Comando de Defesa Cibernética do Exército fez aquisição da ferramenta no fim de 2021
Um equipamento que possibilita a retirada de dados de aparelhos celulares e de registros públicos de redes sociais foi comprado pelo Comando de Defesa Cibernética do Exército. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
A contratação do serviço foi feita no fim do ano passado, sem licitação, e aprovada pelo então comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, hoje ministro da Defesa. Os documentos não trazem a base jurídica que permitiria o uso.
Equipamento permite acessar dados como imagens e localização, mesmo apagadas
Documentos de contratação não explicam base jurídica que permite uso
Ferramenta será usada por comando do Exército que realiza defesa cibernética
A ferramenta deve ser usada pelo Comando de Defesa Cibernética para realizar a "forense em smartphones em todas as suas etapas", sendo elas a proteção, extração, armazenamento e indexação de dados. No total, são 41 funções que envolvem a extração de dados de aparelhos, incluindo o acesso a smartphones bloqueados e dados armazenados em redes sociais.
A ferramenta também vai ser capaz de recuperar imagens deletadas, localizações, dados da nuvem, realizar reconhecimento facial automático, analisar mensagens e e-mails, inclusive os não lidos.
Comando de Defesa Cibernética
O Comando de Defesa Cibernética está a cargo do general Heber Garcia Portella, que também é o representante militar na comissão de transparência das eleições, organizado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele é um dos que fazem coro aos ataques ao sistema eleitoral e à urna eletrônica.
O Comando trabalha na proteção, exploração e prevenção de ataques cibernéticos. "Dentre as atividades de proteção, a forense computacional é uma tarefa que permite a coleta e exame de evidências digitais em redes e sistemas de informação de interesses do Exército brasileiro", descreve um dos documentos de contratação.
As Polícias Civil e Federal, assim como Instituto Nacional de Criminalística e Ministério Público, já usam a ferramenta para ter acesso a dados, mesmo que bloqueados, quando a Justiça determina busca.
"A justificativa para a aquisição de uma solução para perícia em dispositivos móveis é o histórico de demandas apresentadas ao ComDCiber [Comando de Defesa Cibernética] nos últimos três anos", diz um estudo técnico preliminar do dia 14 de junho de 2021.
"Não é possível detalhar as atividades devido ao caráter sigiloso, todavia a existência de uma solução seria suficiente para viabilizar o trabalho realizado neste centro.”
A ferramenta contratada é a Cellebrite UFED, "com hardware próprio comercializado no Brasil", de acordo com os documentos da contratação, fornecido pela empresa TechBiz Forense Digital. O valor final foi de R$ 528 mil, para o período de 8 de dezembro de 2021 a 27 de dezembro de 2024.
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